
Por que produtos "inovadores" fracassam?
11/05/2021
O fato é que para inovar não basta só trazer novas ideias, ser criativo ou diferente.
Inovação demanda agilidade e uma cultura disruptiva no modelo de trabalho tradicional. Aliviar uma dor e entregar valor ao usuário são o grande ponto-chave, mas existem mais alguns fatores que precisam ser levados em conta na criação de um novo produto.
A cultura de inovação
Cultura de inovação são os valores, normas e atitudes que estimulam o pensamento criativo. A cultura se refere a padrões e valores compartilhados entre todos os participantes do processo. Uma cultura de inovação positiva cria incentivos para os colaboradores e leva a um aumento na força inovadora.
A transformação cultural, porém, exige mais do que o comprometimento da alta gestão e, normalmente, as mudanças ocorrem primeiramente em nível de sistema, para que isso se torne competência da empresa, evolua para atitudes dos colaboradores e se torne uma crença e valor da companhia.
As empresas que querem se tornar mais inovadoras se deparam com diversos obstáculos em torno da questão cultural e em relação a outros posicionamentos que, de modo geral, já estão enraizados na empresa.
No livro Inspired do Marty Cagan, o autor pontua alguns fatores comuns que impedem que equipes inovem no processo de descoberta de novos produtos, resultando quase sempre no fracasso destes produtos. A experiência dentro da área de Inovação também nos da mais percepção de alguns pontos.
1 - Não ter um processo de inovação estruturado
Criar uma estrutura de inovação, orientada por um estratégia bem definida e objetivos claros, permite que todos tenham conhecimento do status do processo e os critérios necessários para que um projeto siga adiante. Quando a gestão não tem claro o caminho que pretende seguir ou não deixa evidente aos envolvidos, as pessoas não entendem as regras do jogo, não veem propósito, e o engajamento acaba sendo menor. Entender as temáticas de inovação que a empresa está olhando é fundamental para que as propostas dos colaboradores estejam na mesma direção.
2 - Fonte de ideias guiadas por demanda de venda, sem empoderar a equipe na tomada de decisão. Esse modelo não envolve o time na tomada de decisões, eles se tornam presentes apenas para a implementação.
3 - “Uma das lições mais críticas no produto é saber o que não podemos saber e simplesmente não tem como saber quanto dinheiro ganharemos neste negócio”. As empresas criam roadmaps tentando estimar quanto custará todo o processo e o quão lucrativo o negócio será. Mas na verdade, a ideia ainda é só uma ideia e não podemos prever qual rumo tomará.
4 - Criação de roadmap rígidos de um ano ou mais, como se todas as demandas e ideias a serem implementadas fossem uma sequência de sucesso com o cliente. Na realidade, metade delas ou mais acabam não se validando. Por isso o roadmap precisa ser responsivo e de curta projeção para poder se adaptar a novos cenários que aparecerão.
5 - Restringir engenheiros a apenas seguirem requisitos documentados ou integrar o ux designer apenas na parte visual do projeto. Profissionais como estes sabem o quão é importante seu trabalho na construção no produto e precisam posteriormente tentar arrumar danos que poderiam ter sido evitados caso fossem envolvidos no processo. Eles são a maior fonte de inovação para sua equipe.
6 - Equipe se que se dizem ágil, mas aplicam esse conceito apenas na etapa do desenvolvimento do produto. Na realidade trabalham no modelo cascata focado apenas na entrega e não nos resultados esperados. O risco se torna muito mais alto quando a validação com usuário se dá apenas no fim.
7 - Direcionar esforços e custos a ideias que não trarão retorno para empresa. Por mais que de início não saibamos o quanto uma ideia possa custar ou gerar de lucro, os métodos ágeis estão aí para poder validar o avanço dela em pequenos ciclos, diminuindo o risco final enquanto aumenta a percepção de valor e receita para empresa. Se no meio do processo for descoberto que não é viável continuar desperdiçando tempo e esforço, ainda há tempo de evitar mais desperdícios.
Criar produtos de sucesso demanda constante aprendizado a adaptação. É preciso desapegar das ideias iniciais, explorar possibilidades e compreender que o humano precisa ser o centro do processo — e não o produto.
8 - Não aprender a lidar com o fracasso como parte do processo
A incerteza é inerente ao processo de inovação e, por isso, as empresas que desejam incentivar iniciativas inovadoras precisam estar abertas para lidar com o fracasso de uma forma natural, principalmente quando se trata de uma inovação disruptiva.
A cultura do erro e do aprendizado contínuo nem sempre é bem vista dentro das companhias, gerando medo ao risco. É fundamental que se adotem medidas de incentivo ao erro. Além disso, as falhas que ocorrem ao longo do processo impactam diretamente no prazo, e, consequentemente, no investimento do mesmo. Muitas empresas não se preparam para um investimento de longo prazo e acabam interrompendo um projeto antecipadamente, gerando resultados negativos para o processo de inovação e para a motivação dos envolvidos.
E sua equipe, encontra algum destes obstáculos? Fale com a gente!
Fonte: NSC lab e Ilegra.com